Hoje estive em um encontro de psicólogos que vivem no Norte de Portugal. Foi a primeira vez que estive com outros colegas de profissão em outro país. Passamos horas falando de nossas histórias, dificuldades e alegrias em um lugar onde a Psicologia enfrenta seus entraves e desafios.
Ser psicólogo é, muitas vezes, um ofício solitário. É estar presente e acolher o sofrimento do outro, mas sem ter com quem dividir suas próprias angústias. Soma-se a isso o fato de ser imigrante e ter deixado para trás a sua rede de apoio: amigos cultivados por uma vida inteira, colegas de trabalho de diferentes lugares, ex-professores, ex-alunos, supervisionandos... Um grupo construído ao longo de anos de relações profissionais ou de amizade.
Por isso, fazer parte de um grupo no exterior significa tanto para quem participa dele. No dicionário, o termo "coletivo" significa um conjunto de indivíduos que formam uma unidade em relação a interesses, sentimentos ou ideias comuns. Estamos falando de pessoas que escolheram estar juntas e desenvolveram um sentimento de pertencimento. Eu pertenço às ideias e afetos que circulam neste grupo de pessoas. Não se trata de todos terem a mesma opinião sobre tudo. Muito pelo contrário: neste coletivo, as diferenças são respeitadas.
No coletivo de psis, existem diferentes abordagens, formas de atuação profissional e opiniões sobre uma série de questões que envolvem o exercício da profissão. E, mesmo assim, o pertencimento é soberano. Naquele espaço, sei que minha existência será vista e respeitada. Ali, terei voz e escutarei outras vozes.
Os psicólogos imigrantes não vivenciam as mesmas experiências migratórias. Ninguém o faz, nem mesmo os membros de uma mesma família. Mas todos ali sabem o que é estar em um país diferente, buscando um espaço de atuação e a validação de suas competências.
Hoje foi um dia em que me senti pertencente a um grupo novamente. Em outro país, sei que isso é raro. Foi um privilégio.
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